Estudo psicométrico das escalas CARSAL e CARVAL numa amostra de adolescentes em contexto insular
DOI:
https://doi.org/10.52014/rppa.v1.i1.2021.20Palavras-chave:
Esquemas da aparência; Adolescentes; Autoconceito; Saliência; Valência.Resumo
Resumo
Objetivo: A imagem corporal é muito relevante no período de desenvolvimento da adolescência. O presente estudo pretende analisar as propriedades psicométricos das escalas CARSAL e CARVAL (medidas da saliência e valência) numa amostra de adolescentes portugueses, residentes em contexto insular.
Método: Estudo quantitativo, psicométrico e exploratório, seguiu os procedimentos éticos inerentes à amostra. Participaram 196 adolescentes, eliminando-se 4 participantes por não cumprirem os critérios de inclusão. Elaborou-se um questionário sociodemográfico e aplicaram-se as escalas CARSAL e CARVAL e a versão reduzida (30 itens) da Escala de Avaliação do Autoconceito de Adolescentes Piers-Harris.
Resultados: Os adolescentes apresentaram idades compreendidas entre os 10 e os 17 anos, frequentam os segundo e terceiro ciclos do ensino básico e secundário. As escalas CARSAL e CARVAL apresentaram um bom índice de consistência interna, valores idênticos à versão original e versão adaptada e validada numa amostra de adultos portugueses. O modelo de análise fatorial confirmatória para a presente amostra de adolescentes, apresentou um ajustamento sofrível que após refinação do modelo pelas maiores covariâncias dos itens 7, 8, 9,10, 11 e 13 (X2/df = 3.377; GFI = .88; CFI = .91; TLI = .87; RMSEA = .11; p[rmsea ≤ .05] = <.001), evidencia um melhor ajustamento, mas não aceitável. Analisou-se a escala CARVAL que apresenta fiabilidade e validade de constructo considerada adequada e um modelo considerado aceitável (X2/df = 2.59; CFI = .98; GFI = .95; TLI = .96; RMSEA = .09; p [rmsea ≤ .05] = .017).
Conclusões: A escala CARSAL (saliência) não se revelou psicometricamente robusta para esta amostra de participantes adolescentes. Por outro lado, a escala CARVAL (valência) apresenta-se uma escala de oito itens psicometricamente robusta na avaliação do auto-esquema da aparência (avaliação positiva ou negativa da aparência) nesta amostra de adolescentes, residente na Região Autónoma dos Açores. Sugerem-se estudos futuros para uma amostra de adolescentes em outras regiões de Portugal.
Referências
Alebachew, F., & Ashagrie, M. (2017). The body-image concept analysis of youth and adolescent. American Journal of Biomedical and Life Sciences, 5(6), 130–134. https://doi.org/10.11648/j.ajbls.20170506.14
Almeida, G. A. N., Santos, J. E., Pasian, S. R., & Loureiro, S. (2005). Perceção de tamanho e forma corporal de mulheres: Estudo exploratório. Psicologia em Estudo, 10(1), 27–35. http://www.scielo.br/pdf/pe/v10n1/v10n1a04.pdf.
APA. (2020). Publication manual of the American Psychological Association (7th ed.). American Psychological Association. https://doi.org/10.1037/0000165-000
Boateng, G. O., Neilands, T. B., Frongillo, E. A., Melgar-Quiñonez, H. R., & Young, S. L. (2018). Best practices for developing and validating scales for health, social, and behavioral research: A primer. Frontiers in Public Health, 6, 1-18. https://doi.org/10.3389/fpubh.2018.00149
Carvalho, A. M. P., Cataneo, C., Galindo, E. M. C., & Malfará, C. T. (2005). Autoconceito e imagem corporal em crianças obesas. Paidéia, 15(30), 131–139. https://www.scielo.br/j/paideia/a/TQcpJhvdv3S45cZxZ7FFRZP/?format=pdf&lang=pt.
Cash, T. F. (2006). The influence of sociocultural factors on body image: Searching for constructs. Clinical Psychology: Science and Practice, 12(4), 438–442. https://doi.org/10.1093/clipsy.bpi055
Cash, T. F. (2008). The body image workbook: An eight-step program for learning to like your looks (2nd ed.). New Harbinger Publications.
Espírito-Santo, H., & Daniel, F. B. (2015). Calcular e apresentar tamanhos do efeito em trabalhos científicos (1): As limitações do p < 0,05 na análise de diferenças de médias de dois grupos. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social, 1(1), 3–16. https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2015.1.1.14
Falconi, C. A., Zanetti, M. C., Santos, T. de A., Dias, H. M., Brandao, M. R. F., & Neves, A. N. (2019). Relação entre antropometria, gordura corporal e autoconceito de adolescentes do sexo feminino. Cuadernos de Psicología del Deporte, 19(2), 256–264. https://doi.org/10.6018/cpd.348001
Ferreira, C., Marta-Simões, J., Oliveira, S., & Duarte, J. (2018). Estudo da estrutura fatorial e das qualidades psicométricas da versão portuguesa da Male Body Attitude Scale-Revised. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social, 4(2), 16–24. https://doi.org/10.31211/rpics.2018.4.2.74
Gay, K. (2009). Body image and appearance: The ultimate teen guide. Scarecrow Press.
Grogan, S. (2017). Body image: Understanding body dissatisfaction in men, women and children (3rd ed.). Routledge.
Hockenberry, M. J., Wilson, D., & Wong, D. L. (2013). Wong’s essentials of pediatric nursing (9th ed.). Elsevier.
Javaid, Q. A., & Ajmal, A. (2019). The impact of body image on self-esteem in adolescents. Clinical and ounselling Psychology Review, 1(1), 44–54. https://doi.org/10.32350/ccpr.11.04
Kumar, H. (2016). Gender difference regarding body image: A comparative study. Advances in Obesity, Weight Management & Control, 4(4). https://doi.org/10.15406/aowmc.2016.04.00092
Levine, M., & Smolak, L. (2004). Body image development in adolescence. In T. Cash & T. Pruzinsky (Eds.), Body image: A handbook of theory, research, and clinical practice (2sd Ed., pp. 74–82). Guilford Press.
Lonergan, A. R., Bussey, K., Mond, J., Brown, O., Griffiths, S., Murray, S. B., & Mitchison, D. (2019). Me, my selfie, and I: The relationship between editing and posting selfies and body dissatisfaction in men and women. Body Image, 28, 39–43. https://doi.org/10.1016/j.bodyim.2018.12.001
Maciel, N., & Rebelo, Ó. (2013). Da puberdade à adolescência: Desenvolvimento físico, fisiológico e sexual. In T. Medeiros (Coord.), Adolescência: Desafios e Riscos. Letras Lavadas.
Marôco, J. (2014). Análise de Equações Estruturais: Fundamentos teóricos, software & aplicações (2th ed.). ReportNumber.
Marôco, J. (2018). Análise Estatística com o SPSS Statistics (7th ed.). Report Number.
Medeiros, T. (2013). Adolescência: Desafios e Riscos. Letras Lavadas.
Mendes, J., Rego, R., & Pereira, V. (2019). Tradução e adaptação da escala CARSAL/CARVAL para Portugal: Estudo psicométrico. PSICOLOGIA, 33(1), 47–54. https://doi.org/10.17575/rpsicol.v33i1.1425
Moss, T. P., & Rosser, B. A. (2012). The moderated relationship of appearance valence on appearance self consciousness: Development and testing of new measures of appearance schema components. PLoS ONE, 7(11), 1-7. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0050605
Moss, T., Lawson, V., White, P., & The Appearance Research Collaboration. (2014). Salience and valence of appearance in a population with a visible difference of appearance: Direct and moderated relationships with self-Consciousness, anxiety and depression. PLoS ONE, 9(2), 1-8. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0088435
Nogueira, S. G., Macedo, V. S., & Guedes, P. M. (2010). Avaliação da imagem corporal e de comportamentos alimentares como possíveis desencadeadores de transtornos alimentares em bailarinas pré-adolescentes. Nutrir Gerais, 4(6), 538–553. https://docplayer.com.br/5435403-Avaliacao-da-imagem-corporal-e-de-comportamentos-alimentares-como-possiveis-desencadeadores-de-transtornos-alimentares-em-bailarinas-pre-adolescentes.html.
Papalia, D. E., & Feldman, R. D. (2013). Desenvolvimento humano (12th ed.). MacGraw Hill - Artemed.
Piers, E., & Herzberg, D. (2002). Piers-Harris Children’s Self-Concept Scale (2th ed.). Western Psychological Services.
Pitron, V., & De Vignemont, F. (2017). Beyond differences between the body schema and the body image: Insights from body hallucinations. Consciousness and Cognition, 53, 115–121. https://doi.org/10.1016/j.concog.2017.06.006
Quittkat, H. L., Hartmann, A. S., Düsing, R., Buhlmann, U., & Vocks, S. (2019). Body dissatisfaction, importance of appearance, and body appreciation in men and women over the lifespan. Frontiers in Psychiatry, 10, 1-12. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2019.00864
Ricciardelli, L. A., & Yager, Z. (2016). Adolescence and body image: From development to preventing dissatisfaction. Routledge, Taylor & Francis Group.
Rodrigues, D., Teves, C., & Medeiros, T. (2013). Autoimagem e satisfação corporal na adolescência. In T. Medeiros (Coord.), Adolescência: Desafios e riscos (pp. 183–209). Letras Lavadas.
Rosen, G. M., & Ross, A. O. (1968). Relationship of body image to self-concept. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 32(1), 100–100. https://doi.org/10.1037/h0025433
Rosenberg, M. (1965). Society and the adolescent self-image. Princeton University Press.
Rumsey, N., & Harcourt, D. (2007). Visible difference amongst children and adolescents: Issues and interventions. Developmental Neurorehabilitation, 10(2), 113–123. https://doi.org/10.1080/13638490701217396
Rumsey, N., & Harcourt, D. (Eds.). (2012). The Oxford handbook of the psychology of appearance. Oxford University Press.
Smolak, L. (2012). Appearance in chilhood and adolescence. In N. Rumsey & D. Harcourt, The Oxford Handbook of The Psychology of Appearance. Oxford University Press.
UNICEF (Ed.). (2011). Adolescence: An age of opportunity. UNICEF.
van Dalen, M., Dierckx, B., Pasmans, S. G. M. A., Aendekerk, E. W. C., Mathijssen, I. M. J., Koudstaal, M. J., Timman, R., Williamson, H., Hillegers, M. H. J., Utens, E. M. W. J., & Okkerse, J. M. E. (2020). Anxiety and depression in adolescents with a visible difference: A systematic review and meta-analysis. Body Image, 33, 38–46. https://doi.org/10.1016/j.bodyim.2020.02.006
Veiga, F. H., & Leite, A. (2016). Escala de avaliação do autoconceito de adolescentes: Versão do Piers-Harris reduzida a 30 itens em escala 1-6. In F. Veiga (Ed.), Envolvimento dos Alunos na Escola: Perspetivas da Psicologia e Educação-Motivação para o Desempenho Académico (pp. 77–89). Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
Wehrle, K., & Fasbender, U. (2019). Self-Concept. In V. Zeigler-Hill & T. K. Shackelford (Eds.), Encyclopedia of personality and individual differences (pp. 1–5). Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-319-28099-8_2001-1
Wong, D. L., Hockenberry, M. J., & Wilson, D. (Eds.). (2011). Wong’s nursing care of infants and children (9th ed). Mosby/Elsevier.
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Direitos de Autor (c) 2021 José Mendes, Márcio Tavares, Teresa Medeiros
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0.